outubro 01, 2011

Dia Mundial da Música

Para assinalar o Dia Mundial da Música que hoje, dia 1 de outubro, se comemora, escolhi uma composição musical portuguesa do século XVII, época em que viveu, também, o padre António Vieira:



O padre António Vieira, tendo sido próximo de D. João IV, é natural que tenha privado também com o amigo pessoal do Rei, o compositor João Lourenço Rebelo (celebram-se este ano os 350 anos da sua morte) cuja música é de extraordinária qualidade já que ele teve acesso ao que de melhor se fazia no seu tempo por toda a Europa através da maior biblioteca de música do seu tempo (a nível mundial) que era a biblioteca do próprio D. João IV. Rebelo tinha uma total liberdade criativa já que, sendo um músico de corte, não estava sujeito às restrições dos eclesiásticos e, sendo amigo do Rei (ele próprio músico e melómano), não estava sujeito às restrições de gosto da época. A música dele tem sido gravada quase exclusivamente por estrangeiros.
Da mesma época são os compositores Francisco Martins (1617-1680) e Diogo Melgás (1638-1700), ambos eclesiásticos e que compuseram uma música muito boa mas menos arrojada do que a de Rebelo.
Outros compositores portugueses desta época são: o rei D. João IV e Estêvão Lopes Morago (1575-1630).

(Contributo de uma antiga aluna, Maria Clara Assunção)

1 comentário:

  1. A Maria Clara Assunção não consegue colocar comentário, mas enviou-me esta "adenda":

    "Memento homo", do compositor português Diogo Dias Melgaz (Cuba do Alentejo, 1638 - Évora, 1700).

    http://www.youtube.com/watch?v=lJ0Zn2a-lJY

    Nesta música o compositor põe ênfase na letra, que é bastante dramática: "memento homo quia pulvis es et in pulverem reverteris" ou seja, lembra-te, homem, que és pó e em pó te hás-de tornar. É uma frase sobre a condição humana, a fragilidade da vida e a inevitabilidade da morte. Há um sermão do Padre António Vieira (sermão de Quarta-Feira de Cinzas) só sobre essa frase. Repare-se nas vozes desencontradas (característica da polifonia). Repare-se também, a partir do minuto 1'40, como se repete "et in pulverem, in pulverem, et in pulverem, in pulverem", em pó, em pó, em pó te hás-de tornar. É muito expressivo, muito marcado, muito intenso. Muito barroco.

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