março 20, 2012

Primavera



  [...]
"Todos sabem que uma flor é uma flor e uma árvore é uma árvore.
Mas eu respondi, nem todos, ninguém.
Porque todos amam as flores por serem belas, e eu sou diferente.
E todos amam as árvores por serem verdes e darem sombra, mas eu não.
Eu amo as flores por serem flores, directamente.
Eu amo as árvores por serem árvores, sem o meu pensamento."

Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa)

março 12, 2012

Ler Os Maias: I capítulo

I Capítulo:

Espaços: Santa Olávia (espaço rural), Lisboa (espaço urbano).

Tempos:

- Presente: Outubro de 1875;

- Passado: analepse (recuo no tempo) à juventude de Afonso da Maia. Casamento com Maria Eduarda Runa, nascimento do filho, o Pedrinho, ida para Inglaterra; regresso a Portugal, morte da mulher e juventude de Pedro até ao seu casamento, contra a vontade do pai, com Maria Monforte.

Temática importante:
  • A crítica à educação tradicional/religiosa ("beata"), que contribui para deformar a personalidade dos indivíduos (ex: Pedro da Maia);
  • Os excessos, de todo o género, que esse tipo de educação e uma sociedade romântica fomentam (Pedro da Maia);
  • O pragmatismo “inglês” de Afonso da Maia, no que diz respeito à educação e à religião; oposição Afonso/Pedro: força/fraqueza;
  • A ascensão social dos novos-ricos: Maria Monforte e o pai, muitas vezes, através de meios pouco sérios (tráfico de negros);
  • A caracterização de Pedro da Maia, cuja personalidade se deve aos fatores antes referidos e a que se acrescenta o da hereditariedade (influência do Naturalismo);
  • O aparecimento de presságios, desde o início:
  1. A família tinha poucos elementos( só avô e neto);
  2. O Ramalhete sempre tinha sido “fatal” à família Maia;
  3. Pedro era parecido com um bisavô materno que se tinha suicidado;
  4. Maria Monforte era de uma beleza clássica, magnífica, comparada à das estátuas gregas;
  5. A sombrinha escarlate de Maria “derramava” como que uma mancha de sangue sobre Pedro.

Linguagem e recursos estilísticos:
  • A adjetivação com a intenção de descrever pormenorizadamente (característica do Realismo): [Pedro era] “mudo, murcho, amarelo…”(Capt I, p 20);A ironia para acentuar a crítica social, nomeadamente, o uso dos diminutivos: [Pedro] “ aos dezanove anos teve o seu bastardozinho.”(Capt I, p 20);
  • O advérbio de modo com uma função adjetivante: [Afonso] “esteve olhando abstraidamente a quinta…” (Capt I, p 31);
  • A sinestesia ( sugere sensações várias): “ Os passos do escudeiro não faziam ruído no tapete fofo; o lume estalava alegremente, pondo retoques de oiro nas pratas polidas;” (audição, tato, audição, visão)-(Capt I, p 31);
  • A comparação: “…e a sua face [de Maria Monforte], grave e pura como um mármore grego…” (Capt I, p 29);
  • A metáfora: [Maria Monforte]"... arrastando com um passo de deusa a sua cauda de corte…" (Capt I, p 23).

Nota: A paginação remete para a obra na sua edição de Os Livros do Brasil.

março 07, 2012

Ida ao teatro, mais uma vez...

Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra: representação de Os Maias. Texto de difícil de adaptação ao teatro.


Poucos atores em palco, cumpre, no entanto, a sua função: motivar à leitura da obra.


Poucos alunos da A.A. também presentes.  Mas eram os mais  informados, críticos, atentos, maduros.