janeiro 31, 2012

Nota pessoal

Não é habitual eu escrever neste registo pessoal, neste blogue. Mas também não é habitual- e muito menos nos tempos que correm!- no final da  aula, os alunos dizerem: "Obrigada, professora".

Palavras singelas, mas sentidas, tal como esta nota que deixo aqui para assinalar.

janeiro 30, 2012

Frei Luís de Sousa, II Ato

Frei Luís de Sousa, II Ato
 
Espaço: Almada, "palácio que fora de D: João de Portugal"; "salão antigo, de gosto melancólico e pesado"; retratos vários, destacando-se os de D. Sebastião, Camões e D. João de Portugal.

Tempo: oito dias depois do incêndio do palácio de Manuel de Sousa; sexta-feira, dia do aniversário do primeiro casamento de Madalena, data que coincide com o primeiro encontro dela com Manuel de Sousa e com o dia em que D. João de Portugal desapareceu em Alcácer-Quibir.
Topoi("tópicos"):
  • A curiosidade precoce de Maria continua a manifestar-se a propósito da identidade dos retratos: em diálogo com Telmo, este vai-lhe falando de D. Sebastião e de Camões, mas evita revelar-lhe quem é o terceiro.
  • O Sebastianismo/Nacionalismo: recusa em acreditar que D. Sebastião tenha morrido, porque significaria a permanência do domínio castelhano em Portugal.
  • Idealização da figura do "poeta desgraçado", Camões: Telmo afirma ter sido seu amigo, falando da sua morte prematura, na miséria, e do esquecimento a que a sua obra foi votada.
  • Referência (premonitória) a D. Joana e seu marido, que se separaram para seguirem a vida monástica: Maria revela admiração por esta escolha que considera muito corajosa.
  • Os sintomas da doença de Maria são referidos frequentemente: a febre.
  • A interpretação simbólica da destruição do retrato de Manuel de Sousa, no incêndio: perturbação crescente de Madalena, que acredita que é um sinal de que algo de funesto vai acontecer.
  • Revelação da identidade do retrato de D. João de Portugal: Manuel de Sousa, serenamente, di-lo a sua filha.
  • Os terrores de Madalena acentuam-se: o marido, a filha e Telmo vão a Lisboa, deixam-na com os seus "espectros" e maus pressentimentos, ficando com ela apenas Frei Jorge.
  • A figura misteriosa e ameaçadora do Romeiro: a sua chegada é anunciada por Miranda.
  • Revelação "dúbia" da identidade do Romeiro, após um diálogo em ansiedade crescente entre ele, Madalena e Frei Jorge: "Ninguém!
-- Romantismo: a presença ameaçadora e "agoirenta" dos retratos, os espectros; o Sebastianismo e o nacionalismo; referência à figura "marginalizada" e incompreendida de Camões; a doença e impulsividade de Maria; a sensibilidade doentia e as superstições de D. Madalena, nomeadamente, a propósito da "sexta-feira"; o mistério que se adensa ao longo  do II Ato. A linguagem emotiva continua a refletir os estados de espírito das personagens.
 
-- Classicismo: continuação dos momentos que caracterizam a tragédia:
 
Vide: a aflição de Madalena vai-se acentuando(o pathos); em breve se assistirá a uma mudança repentina da acção (a peripateia); o momento do "reconhecimento" (anagnorise) desencadeado por alguém que vem "de fora", o Romeiro, e anunciado pelo "mensageiro da desgraça", Miranda. Manuel continua a revelar-se sensato, racional, assim como seu irmão, Frei Jorge.

janeiro 28, 2012

Frei Luís de Sousa, I Ato


Teatro D. Maria II
Frei Luís de Sousa: I Ato.
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Espaço: "câmara antiga", Almada, palácio de Manuel de Sousa.
Tempo: "fim da tarde", "princípios do século dezassete".
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.Topoi("tópicos"):
  • Reflexões inquietas de Madalena: lê excertos de Os Lusíadas de Camões, episódio de Inês de Castro, o que a leva a meditar sobre o caráter efémero da felicidade e do amor;
  • A importância do passado: do diálogo entre Telmo e Madalena ficamos a saber que Madalena foi casada com D. João de Portugal e que ele "desapareceu" em Alcácer Quibir, tal como D. Sebastião, quando ela tinha apenas 17 anos. Procurou-o durante 7 anos e, seguidamente, casa com o homem que já amava, Manuel de Sousa Coutinho. Têm uma filha com 13 anos. Telmo "acusa-a" de ter atraiçoado a memória de seu amo (D. João), contribuindo para que se adensem os terrores e as angústias de Madalena;
  • O Sebastianismo: Maria entra em cena, impulsiva, exprimindo o desejo de que D. Sebastião regresse para salvar Portugal do domínio castelhano, sem saber que isso poderia implicar o regresso do primeiro marido de sua mãe e consequente desonra da família;
  • A crença em agouros, superstições, "sonhos"/ delírios: Maria;
  • O "mensageiro": Frei Jorge, irmão de Manuel de Sousa, avisa que os governadores castelhanos têm a intenção de ir procurar "alojamento" em Almada, naquela casa. Maria, em particular, repudia esse acolhimento;
  • A doença de Maria: comentários preocupados sobre a sua "fina" audição, sintoma da tuberculose que a afeta. É ela a única que ouve a voz de seu pai que está de regresso a casa;
  • O nacionalismo: Manuel, já em sua casa, ordena que todos a abandonem, para que, assim, não tenham que ser anfitriões dos castelhanos. A alternativa é procurarem abrigo no palácio onde Madalena morou com o primeiro marido. Maria concorda e incentiva, entusiasmada, esta atitude de rebeldia de seu pai;
  • Terror crescente de Madalena: para ela, o regresso a essa casa é prenúncio da desgraça que sempre temeu. Manuel considera infundados os terrores da mulher e avança com a sua decisão;
  • Final "apoteótico" do I Ato: com a chegada imprevista dos governadores castelhanos, Manuel de Sousa obriga todos a sairem e incendeia a sua própria casa.
-- Romantismo: emotividade de D. Madalena; citações de Camões (de Os Lusíadas);a crença em agouros e superstições (Maria e Telmo); a fragilidade e sensibilidade "doentias" de Maria; o Sebastianismo; o repúdio do domínio castelhano; espetacularidade da cena final do I Ato, o incêndio do palácio. A linguagem e o estilo refletem o turbilhão de emoções que afeta as personagens: apóstrofes, interjeições, frases exclamativas e interrogativas, repetições, reticências.

-- Classicismo: os momentos que marcam a inevitabilidade da tragédia.

Vide: presságios que se confundem com os agouros; aproximação do pathos e do climax; adivinha-se a mudança, a peripateia; o desafio de Manuel de Sousa às autoridades instituídas e de Maria, que, sem ter consciência, apela a "um regresso ao passado"( hybris); ela é a vítima inocente sobre a qual a fúria inexorável do Destino se irá abater. No I Ato, Manuel de Sousa representa o racionalismo dos clássicos pelo modo como (ainda) controla as suas emoções.

janeiro 19, 2012

Frei Luís de Sousa: Tragédia ou Drama?

O Frei Luís de Sousa é uma tragédia porque:
  • as personagens desafiam o Destino (hybris): Madalena casa com Manuel de Sousa Coutinho sem ter a certeza de que o primeiro marido está morto e Manuel incendeia o seu palácio para não receber os governantes castelhanos;
  • o sofrimento e a aflição das personagens vai-se acentuando, à medida que a ação progride (clímax e pathos) e atinge também os “inocentes” (Maria, a filha);
  • há uma mudança repentina na ação (peripateia –“peripécia”), desencadeada por alguém que vem de fora, sucedendo o “reconhecimento” (anagnorise): o Romeiro é identificado como D. João de Portugal, o primeiro marido de D. Madalena;
  • a partir deste momento, é impossível evitar a “catástrofe”(katastrophé): as consequências terríveis que atingem todos os que estão próximos de quem desafiou o Destino;
  • Maria morre e os pais “morrem para o mundo”, vão para o convento;
  • a catharsis (purificação) é feita pelo despertar no público de dois sentimentos: o terror e a piedade( referidos por Almeida Garrett na Memória ao Conservatório Real);
  • Telmo e Frei Jorge têm um papel semelhante ao do Coro das tragédias gregas, tentando confortar as personagens.

O Frei Luís de Sousa é um drama romântico porque:
  • a ação decorre numa época histórica de resistência, de afirmação e defesa do nacionalismo (século XVII, perda da independência, ocupação castelhana);
  • remete para a crença no mito do Sebastianismo: D. Sebastião tinha “desaparecido” em Alcácer- Quibir e o seu regresso era a esperança que restava para a recuperação da independência de Portugal;
  • referências várias a Camões, poeta de expressão do patriotismo;
  • afirmação constante do nacionalismo, com a rejeição da presença dos castelhanos em território português;
  • crença no regresso do morto-vivo, “personagem” de inspiração medieval ( D. João de Portugal);
  • expressão hiperbólica de sentimentos, de estados de alma, frequentemente contraditórios e caóticos;
  • crença em agoiros, superstições, simbologia premonitória dos sonhos (Madalena, Maria e Telmo);
  • o cristianismo: Madalena e Manuel encontram o conforto na crença em Deus e na ida para o convento, em vez da morte violenta das tragédias;
  • uso da prosa ( e não o verso, como era habitual na tragédia);
  • divisão em três Atos ( e não os cinco da tragédia);
  • não existe unidade de tempo nem de espaço: a ação não decorre em 24 horas nem no mesmo lugar;
  • linguagem que exprime os estados de espírito das personagens: apóstrofes, frases exclamativas e interrogativas, frases inacabadas (com reticências), hipérboles……

janeiro 16, 2012

Memória ao Conservatório Real



Tópicos da "Memória ao Conservatório Real", no Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett:
  • os factos históricos portugueses são marcados pela simplicidade;
  • essa simplicidade é solenemente trágica e «moderna» (romântica);
  • na história do Frei Luís de Sousa, há simplicidade trágica, mas há, também, o espírito do Cristianismo que suaviza o desespero das personagens: em vez de uma morte violenta, “morrem para o mundo”, entregam-se a Deus;
  • da tragédia não usa o verso, preferiu a prosa, talvez para não “ofender” a memória do próprio Frei Luís de Sousa, um dos melhores prosadores da língua portuguesa;
  • consequentemente, se, na forma, esta obra é um drama, na «índole», considera-a uma tragédia antiga;
  • uma acção muito “simples”, sem paixões violentas: poucas personagens, todas elas genuinamente cristãs , sem um “vilão”, sem assassínios, sem “sangue”;
  • sem estes “ingredientes”macabros, tão usados na época para captar o interesse das plateias, Garrett quis verificar se era possível despertar, nesse público ávido de emoções fortes, os dois sentimentos únicos de uma tragédia: o terror e a piedade;
  • no entanto, considera a sua peça “apenas” um drama, porque, tal como a sociedade, a literatura ainda estava em “construção”: a literatura reflete, mas influencia, também, a sociedade;
  • refere as fontes de que se serviu para escrever o Frei Luís de Sousa: uma representação de teatro ambulante a que assistiu, ainda jovem; mais tarde, a leitura de duas narrativas sobre este tema, de D. Francisco Alexandre Lobo e de Frei António da Incarnação; mais recentemente, o drama, O Cativo de Fez;
  • afirma, porém, que não se sentiu obrigado a respeitar a verdade histórica, mas sim a “verdade” poética;
  • e justifica essa opção, caracterizando a sua época, o século XIX, como «um século democrático; tudo o que se fizer há-de ser pelo povo e com o povo…ou não se faz.»;
  • assim, uma vez que já não há Mecenas, tudo o que se escreve tem de ir ao encontro do gosto do leitor, e o leitor «quer verdade»;
  • a verdade encontra-se no passado histórico, porque é “o espelho” do presente: só assim o leitor apreciará, porque só assim entenderá – «é preciso entender para apreciar e gostar».

Quem foi Frei Luís de Sousa?

Capa de edição antiga
Frei Luís de Sousa (Manuel de Sousa Coutinho)(c.1555 - 1632)

Escritor e sacerdote português, natural de Santarém. Mudou de nome ao ingressar na vida religiosa, em 1613, como era prática usual nas ordens religiosas.
Foi nomeado cavaleiro da ordem de Malta por volta de 1572, tendo estado cativo em Argel e viajado pelo Oriente e pelas Américas. Esteve ao serviço de Filipe II e casou com D. Madalena de Vilhena, mulher de D. João de Portugal, que desaparecera na batalha de Alcácer Quibir. Em 1559, havia sido nomeado capitão-mor de Almada.
Nesse mesmo ano, destruiu o seu palácio pelo fogo, não permitindo assim que os governadores do reino, fugindo à peste de Lisboa, nele se refugiassem.
Em 1613, Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena de Vilhena decidiram professar — ele, no convento de São Domingos, em Benfica, e ela, no convento do Sacramento. Um biógrafo atribuiu esta decisão à notícia de que D. João de Portugal se encontrava, afinal, vivo, tornando ilegítima a união do casal.
Escreveu vários livros, destacando-se a Vida de Frei Bartolomeu dos Mártires e História de São Domingos.

Foi na vida "misteriosa" deste homem que Almeida Garrett se inspirou para escrever o Frei Luís de Sousa.


Não esquecer que:

O Frei Luís de Sousa foi escrito no século XIX por Almeida Garrett,


mas a acção decorre no século XVII.

janeiro 14, 2012

Fomos ao Teatro

Digitalizei e dividi os textos que constam do programa que  foi entregue à entrada e que, se lidos antes, nos teriam  proporcionado um melhor entendimento do espetáculo a que assistimos.



A estrutura a que obedeceu o texto cénico:



Aqui temos um resumo do romance de Herculano:



Finalmente, chamo a atenção para estas palavras finais, abaixo transcritas: Garrett, na mesma altura (1843 e 1844), criava, tal como Alexandre Herculano, o seu "fantasma histórico", o Frei Luís de Sousa.

 


Os rituais

Quando uma sociedade perde a necessidade e a memória dos rituais, entra em decadência, perde referências.
Ir, em grupo, assistir a um espetáculo é, simultaneamente, cumprir um ritual em que libertamos as nossas tensões diárias (catarse) e um ato de cultura de que se aprende a gostar!, indo ao encontro de memórias que ajudam a preservar a  nossa identidade ancestral e nacional. Neste caso, ver desfilar perante os nossos olhos, tão perto!!- a sala era pequena..- a "representação" do nosso passado, através de temas  sempre atuais: o Amor, a Liberdade, a Traição, a Morte.

Busto de Almeida Garrett, no átrio do Teatro D. Maria II
(Por "maleita", não pude assistir ao final da peça. Para compensar, permitiram que eu tirasse uma foto que testemunha a presença.)

As atrizes, retirado do programa

Quero deixar aqui expressa a minha profunda satisfação pelo número de alunos que pôde estar presente; e salientar a maturidade e sensibilidade que revelaram. Foi muito bonito e gratificante ver a sala cheia de jovens da "minha" escola: a António Arroio. Esta atitude faz com que sinta renovadas a vontade e confiança para repetir!!
A companhia dos professores Ana A., Alexandra e Dionísio (que não foram tomar conta!!) contribuiu para que esta experiência tenha sido tão agradável.

janeiro 10, 2012

Eurico, o presbítero: um romance do tempo em que uma bela donzela se podia chamar Hermengarda...

Alexandre Herculano, escritor romântico português, contemporâneo de Almeida Garrett, escreveu vários romances históricos cuja ação se localizava na Idade Média. É o caso de Eurico, o presbítero, que inspirou a peça que iremos ver representada: A paixão, segundo Eurico.
A ação decorre no século VIII, tempo  em que os Godos reinavam, tempo em que os Árabes invadiram a Península, tempo de batalhas, de afirmação e de tentativas de imposição de crenças religiosas, tempo de "Guerras Santas".
Eurico vê-lhe negada a possibilidade de casar com a mulher que amava, Hermengarda, filha do rei e irmã de Pelágio. Refugia-se no Presbitério, sublimando o seu amor na entrega a Deus e na bravura suicida com que combatia os infiéis.
Mais tarde, Hermengarda, sem saber que fala com Eurico, que se ocultava num manto negro, para que ninguém o reconhecesse, confidencia-lhe o seu amor por "esse" homem. Eurico rejubila e, num impulso, julga, finalmente, poder concretizar os seus sonhos de felicidade. Mas, rapidamente, se lembrou de que a sua vida estava entregue a uma causa maior, a Deus, e, por isso, lhe estava vedado o casamento.
Hermengarda delira, enlouquece, perante esta revelação! Eurico cavalga, loucamente, para a batalha, onde, provavelmente, encontrará a morte!

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Alexandre Herculano foi influenciado pelo escritor escocês, Walter  Scott, que fomentou o gosto pelos romances históricos. São dele obras como Ivanhoe (com Robin Hood), O talismã (no tempo do rei Ricardo Coração de Leão) e A noiva de Lammermoor, também ela uma mulher que enlouquece. Nesta última se inspirou Donizetti para compôr a ópera (quase) homónima.

janeiro 07, 2012

A ideologia romântica

O Romantismo, uma nova visão do Homem e do Mundo:

  • Castelo de Loulé
    valorização do Eu, do indivíduo e da sua espontaneidade;
  • a Emoção deve sobrepor-se à Razão;
  • insatisfação, a ânsia de Absoluto, a nostalgia por algo de distante, vago e indefinido;
  • consciência dos problemas político-sociais e vontade de neles participar ativamente: a defesa dos princípios da Igualdade, Liberdade e Fraternidade;
  • o herói romântico é concebido como um rebelde, incompreendido, (auto)marginalizado, que se insurge contra tudo o que o oprime;
  • os sentimentos privilegiados são: a tristeza, a melancolia, o gosto pelo sofrimento, a busca da solidão, o desejo da morte como libertação;
  • atração pelo sobrenatural, pelo mistério;
  • crença em agoiros e superstições, gosto pelas tradições, lendas e mitos;
  • o gosto pela Noite, pelo sombrio, pelo macabro: o locus horrendus;
  • o nacionalismo e o patriotismo;
  • a religiosidade cristã;
  • a evasão (fuga) da realidade:-no espaço: gosto por países distantes, exóticos, misteriosos;-no tempo: valorização do passado, nomeadamente a Idade Média;-através do sonho e da imaginação;
  • simplificação da linguagem e do estilo.

janeiro 06, 2012

Romantismo

Para entendermos o Romantismo, é necessário conhecermos os factos político-sociais que influenciaram a mudança de visão e de atitude perante o Homem e o Mundo, ainda no século XVIII, na Europa, no século XIX, em Portugal.
  • a Revolução Industrial, em Inglaterra;
  • a Revolução Francesa, em França (1789);
  • a Revolução Liberal, em Portugal (1820): opõe Liberais e Absolutistas, representados, respetivamente, por D. Pedro e D. Miguel. Durante cerca de 30 anos, o país viveu em guerra civil.
Florença
Consequências:
  • ascensão da burguesia;
  • democratização da cultura e do livro;
  • defesa dos ideais da Liberdade, Igualdade e Fraternidade;
  • queda dos regimes absolutistas.

janeiro 04, 2012

Novo ano

Início de ano com o Romantismo.
Com um poema muito bonito de Almeida Garrett.
Com palavras que exprimem emoções e sensações nunca antes tão obviamente escritas.

Decoração indiana
Não te amo, quero-te: o amar vem d’alma.
E eu n’alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.
.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

.
.
Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

.
.
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

.
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E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! Não te amo, não.

.
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E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.
.

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in Folhas Caídas