janeiro 16, 2012

Memória ao Conservatório Real



Tópicos da "Memória ao Conservatório Real", no Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett:
  • os factos históricos portugueses são marcados pela simplicidade;
  • essa simplicidade é solenemente trágica e «moderna» (romântica);
  • na história do Frei Luís de Sousa, há simplicidade trágica, mas há, também, o espírito do Cristianismo que suaviza o desespero das personagens: em vez de uma morte violenta, “morrem para o mundo”, entregam-se a Deus;
  • da tragédia não usa o verso, preferiu a prosa, talvez para não “ofender” a memória do próprio Frei Luís de Sousa, um dos melhores prosadores da língua portuguesa;
  • consequentemente, se, na forma, esta obra é um drama, na «índole», considera-a uma tragédia antiga;
  • uma acção muito “simples”, sem paixões violentas: poucas personagens, todas elas genuinamente cristãs , sem um “vilão”, sem assassínios, sem “sangue”;
  • sem estes “ingredientes”macabros, tão usados na época para captar o interesse das plateias, Garrett quis verificar se era possível despertar, nesse público ávido de emoções fortes, os dois sentimentos únicos de uma tragédia: o terror e a piedade;
  • no entanto, considera a sua peça “apenas” um drama, porque, tal como a sociedade, a literatura ainda estava em “construção”: a literatura reflete, mas influencia, também, a sociedade;
  • refere as fontes de que se serviu para escrever o Frei Luís de Sousa: uma representação de teatro ambulante a que assistiu, ainda jovem; mais tarde, a leitura de duas narrativas sobre este tema, de D. Francisco Alexandre Lobo e de Frei António da Incarnação; mais recentemente, o drama, O Cativo de Fez;
  • afirma, porém, que não se sentiu obrigado a respeitar a verdade histórica, mas sim a “verdade” poética;
  • e justifica essa opção, caracterizando a sua época, o século XIX, como «um século democrático; tudo o que se fizer há-de ser pelo povo e com o povo…ou não se faz.»;
  • assim, uma vez que já não há Mecenas, tudo o que se escreve tem de ir ao encontro do gosto do leitor, e o leitor «quer verdade»;
  • a verdade encontra-se no passado histórico, porque é “o espelho” do presente: só assim o leitor apreciará, porque só assim entenderá – «é preciso entender para apreciar e gostar».

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