Teatro D. Maria II |
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Espaço: "câmara antiga", Almada, palácio de Manuel de Sousa.
Tempo: "fim da tarde", "princípios do século dezassete".
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.Topoi("tópicos"):
- Reflexões inquietas de Madalena: lê excertos de Os Lusíadas de Camões, episódio de Inês de Castro, o que a leva a meditar sobre o caráter efémero da felicidade e do amor;
- A importância do passado: do diálogo entre Telmo e Madalena ficamos a saber que Madalena foi casada com D. João de Portugal e que ele "desapareceu" em Alcácer Quibir, tal como D. Sebastião, quando ela tinha apenas 17 anos. Procurou-o durante 7 anos e, seguidamente, casa com o homem que já amava, Manuel de Sousa Coutinho. Têm uma filha com 13 anos. Telmo "acusa-a" de ter atraiçoado a memória de seu amo (D. João), contribuindo para que se adensem os terrores e as angústias de Madalena;
- O Sebastianismo: Maria entra em cena, impulsiva, exprimindo o desejo de que D. Sebastião regresse para salvar Portugal do domínio castelhano, sem saber que isso poderia implicar o regresso do primeiro marido de sua mãe e consequente desonra da família;
- A crença em agouros, superstições, "sonhos"/ delírios: Maria;
- O "mensageiro": Frei Jorge, irmão de Manuel de Sousa, avisa que os governadores castelhanos têm a intenção de ir procurar "alojamento" em Almada, naquela casa. Maria, em particular, repudia esse acolhimento;
- A doença de Maria: comentários preocupados sobre a sua "fina" audição, sintoma da tuberculose que a afeta. É ela a única que ouve a voz de seu pai que está de regresso a casa;
- O nacionalismo: Manuel, já em sua casa, ordena que todos a abandonem, para que, assim, não tenham que ser anfitriões dos castelhanos. A alternativa é procurarem abrigo no palácio onde Madalena morou com o primeiro marido. Maria concorda e incentiva, entusiasmada, esta atitude de rebeldia de seu pai;
- Terror crescente de Madalena: para ela, o regresso a essa casa é prenúncio da desgraça que sempre temeu. Manuel considera infundados os terrores da mulher e avança com a sua decisão;
- Final "apoteótico" do I Ato: com a chegada imprevista dos governadores castelhanos, Manuel de Sousa obriga todos a sairem e incendeia a sua própria casa.
-- Romantismo: emotividade
de D. Madalena; citações de Camões (de Os
Lusíadas);a crença em agouros e superstições (Maria e
Telmo); a fragilidade e sensibilidade "doentias" de Maria; o
Sebastianismo; o repúdio do domínio castelhano;
espetacularidade da cena final do I Ato, o incêndio do
palácio. A linguagem e o estilo refletem o turbilhão de
emoções que afeta as personagens: apóstrofes,
interjeições, frases exclamativas e
interrogativas, repetições,
reticências.
-- Classicismo: os
momentos que marcam a inevitabilidade da
tragédia.
Vide:
presságios que se confundem com os agouros;
aproximação do pathos e do climax; adivinha-se a mudança, a
peripateia; o desafio de Manuel de Sousa às
autoridades instituídas e de Maria, que, sem ter consciência, apela a "um
regresso ao passado"( hybris); ela é a vítima inocente
sobre a qual a fúria inexorável do Destino
se irá abater. No I Ato, Manuel de Sousa representa o
racionalismo dos clássicos pelo modo como (ainda) controla as
suas emoções.
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