Eloquência é, segundo a
definição comum, a arte de bem falar. O orador deverá, então, cumprir as regras
da eloquência: docere, isto é,
ensinar, explicando e expondo argumentos;
delectare, isto é, agradar, deleitar,
captando o agrado e a atenção do auditório, de modo a não causar aborrecimento;
movere, isto é, comover, apelando às
emoções e tentando "tocar" os sentimentos do
auditório.
Na
Filosofia, segundo Aristóteles, para persuadir e cativar o auditório, o orador
deve ter em atenção três aspetos: o ethos,
o logos e o pathos, que
correspondem aos conceitos acima enunciados.
O
ethos recomenda que o orador, através do seu exemplo e caráter,
seja valorizado pelo auditório; o logos pressupõe que
os argumentos sejam bem estruturados, fundamentando a tese apresentada, para que
seja compreendida e aceite pelo auditório; e, finalmente, o
pathos, através do qual o orador conseguirá
sensibilizar as emoções do auditório, no sentido de provocar a sua
adesão.
Verificamos,
então, que estes conceitos coincidem, os primeiros do latim, os segundos do
grego: logos (pensamento)--» docere(ensinar); pathos
(patético)--» movere (comover); (??)ethos (ética)--»
delectare(deleitar).
O
padre António Vieira afirma isto mesmo, a propósito do que deve
ser o comportamento do pregador, logo no exórdio, e assim vai
estruturando o seu Sermão, um texto argumentativo,
obedecendo às regras clássicas da Retórica:
«Assim
como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a cabeça que
o pregador que ensina e faz o que deve, assim é merecedor de todo o desprezo e
de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra ou com a vida prega o
contrário.»
.
.
in Sermão de
santo António aos peixes, I Parte
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