dezembro 17, 2011

Natal: a surpresa de um poema com outra liturgia.

Votos de bom Natal.

O  anjinho de cartão que me "visita" todos os Natais
Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.
.
Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
.
Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
No teu sol acontecia.
.
Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento
de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.
.
Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.

Manuel Alegre

dezembro 13, 2011

Há talentos imensos....

«Grande ambição é que sendo o mar tão imenso...» (do Sermão de santo António aos peixes do padre António Vieira).

Grande ambiçao é que,
sendo o mar tão imenso
e o céu tão extenso,
tu queiras navegar no meu corpo,
cheio de curvas e entrelinhas
como se fosses um barco,
Que grande! a ambição que tu tinhas.
Como se o barco nao bastasse
e desta vez, nem o fogo chegasse,
correrias até à lua,
e em vez de sóbria, queria-la nua,
por mais longe que ela ficasse.


Grande ambição é que,
sendo o meu corpo tão extenso
e o meu cabelo tão imenso,
tu ainda queiras conhecer o sol
como se fosse gelo que nem lua,
como se fosse pedra da nossa rua.


Da Patrícia Almeida, 11ºC

dezembro 10, 2011

E um tema bem atual...

Trabalho da Bárbara e da Patrícia, 11º B, sobre as Discriminações:

Discriminação Sexual -

Dia de Os Direitos Humanos

Hoje, 10 de dezembro, comemora-se  o dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Para o assinalar publico o trabalho de grupo do Miguel C. e Miguel L., 11º B, sobre o Holocausto.

Para que não esqueçamos!

Direitos Humanos-Holocausto

novembro 30, 2011

O esplendor do Barroco: despedida

O Barroco é esplendor, é exuberância, é "gala" (como diz o padre António Vieira, a propósito das mudanças de cor no camaleão..).
Em Santarém, existe esta capela, a Capela Dourada, do início do século XVIII, um exemplar magnífico da Arte Barroca em Portugal.
E assim me "despido", com as imagens deste espaço condizente com  o Sermão.

novembro 24, 2011

Trabalhos dos alunos

Desenho da aluna
Perspetiva de um Escravo Negro do Século XVII
Venho discutir o que já muito foi discutido por anteriores maiores que eu, cujo assunto é, de acordo com o Papa Pio II, magnum scelus, um grande crime. Se escrevo, agora, este texto, foi porque meu senhor, a quem ainda quero muito, me ofereceu a língua e a escrita daqueles que me roubaram a terra que devia pisar e que já não piso. E inúmeros são aqueles que, tendo sido furtados da sua terra, também já não podem pisar aquele que devia ser seu piso. Concedeu-me a liberdade, o meu senhor, horas antes de partir, quando, com um pano molhado em devoção, lhe limpava a fronte fervente. Mas há quem, só com a morte, consiga essa mesma libertação.
Se Deus dita este trágico destino que é serventia a quem mais paga pelo nosso laborar, mas não ao trabalhador e sim àquele que nos mercou, não somos nós mais que animais pertences do homem? Se assim é, do mesmo modo se justifica a nossa falta de salário após toda uma vida de escravo dedicado, pois quem paga moedas de oiro ao boi que ara o terreno?
Mas onde estão os chifres que eu não os posso ver, e o pesado andar bovino de quem não pode amar ou odiar o seu dono, de quem não pode beijar os anéis da mão do amo, ou fugir da sua cativa prisão? Não somos nós bois ou jumentos para ser tratados como seu igual.
Então porque somos mercadoria do ladrão que nos rapta daquele (África) que é nosso lar de origem? Porque somos forçados a pisar a mesma terra que o usurpador? Apenas porque não outra há para pisar, porque a nossa fica para lá desse mar.
Tal como vocês, que seguram o chicote, também gatinhamos à nascença, para depois, passarmos a enfrentar o mundo erguidos, também bebemos a mesma água, também olhamos as mesmas estrelas, também choramos as mesmas lágrimas salgadas de dor e de felicidade, e se pegaram no punhal e nos marcarem a pele com golpes (o que certamente muitos já fizeram) verão que o sangue que escorre da ferida é tão vermelho como o vosso. Pergunto, então, porque se dão os acontecimentos antitéticos a que somos expostos todos os dias. Porque se cobre o senhor de colares e pratas, quando o único metal em que tocamos é o das correntes que adornam os nossos pescoços? Porque comem os senhores as iguarias que, sendo património da nossa terra, nem a nós é concedido o direito de as provar? Porque veste o senhor tecidos e roupagens do mais caro linho fiado, quando nós não envergamos mais que o ar que respiramos? Porque, cometendo o senhor os mesmos pecados, não é ele castigado da mesma maneira que nós?
E mais, porque defendem os padres e pastores os nossos irmãos índios (irmãos, porque todos somos filhos do mesmo Adão e da mesma Eva) que sofrem o mesmo destino, mas que parecem merecer mais cuidado? Somos pois indignos demais para que, já que não nos conseguindo fazer ouvir sozinhos, alguém nos ajude a acordar o mundo desta injusta dormência? Será pois esta cor escura, que a diziam tão exótica os primeiros brancos ao avistarem  África, a marca da nossa maldição, e a dos nossos filhos e a dos nossos avós? 

  Nenhum senhor devia ter escravos, porque senhor a quem todos os homens, sem ressalvas, devem servir, só há um, e esse se senta na sua cátedra celeste...

Da Alice, 11º B

novembro 17, 2011

Para estudar para o teste

I
“Antes porém que vos vades, assim como ouvistes os vossos louvores, ouvi também agora as vossas repreensões". ( Sermão de santo António aos peixes, IV Parte, Padre António Vieira)


1. Indique as finalidades das “repreensões” aos peixes.

2. Qual o grande defeito apontado aos peixes/homens?

2.1. Esse defeito geral vai sendo amplificado e desdobrado em outros com ele relacionados. Explicite-os.

3. Vieira exemplifica largamente o defeito. Mostre como, nos 2º e 4º parágrafos, a exemplificação vai consistir na inversão da alegoria do sermão.

4. No décimo parágrafo um outro defeito é apontado. Indique-o.

5. Procure sintetizar os argumentos utilizados por Vieira para persuadir o auditório a mudar a sua conduta de antropofagia social.

6. Reparou que este capítulo é mais combativo e sustentado em inúmeros recursos estilísticos. Dê exemplos e comente a expressividade de:

- anáforas

- simetrias

- gradações

- antíteses

- personificações

- interrogações retóricas.


II
"Descendo ao particular, direi agora, peixes, o que tenho contra alguns de vós".

(V Parte).

1. Os roncadores os pegadores, os voadores e o polvo são os peixes cujo comportamento é analisado em particular.

1.1. Refira os tipos humanos representados pelos três primeiros.

1.2. Interpretando a simbologia do discurso, caracterize cada um desses tipos humanos.

1.3. Indique a atitude que o orador assume face a cada um e o conselho que lhe dá.

2. Atente nos parágrafos 15 e 16 correspondentes ao polvo. O polvo, como configuração de um tipo humano, é caracterizado na sua aparência e na sua essência.

2.1. Que características possui na aparência?

2.2. Que traços são apontados ao nível da essência?

2.3. Que consequência advém, para os outros, da desconformidade entre aparência e essência?

2.4. Aponte exemplos e comente a expressividade do uso de:

- metáforas

- comparações.


III


“Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. (…)
Suposto, pois, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar; que se há-de fazer a este sal e que se há-de fazer a esta terra?” (I Parte).
Identifique:

- tempos verbais predominantes

- pronomes pessoais e possessivos

- formas nominais( substantivos e adjetivos)

. conectores do discurso.