janeiro 16, 2012

Quem foi Frei Luís de Sousa?

Capa de edição antiga
Frei Luís de Sousa (Manuel de Sousa Coutinho)(c.1555 - 1632)

Escritor e sacerdote português, natural de Santarém. Mudou de nome ao ingressar na vida religiosa, em 1613, como era prática usual nas ordens religiosas.
Foi nomeado cavaleiro da ordem de Malta por volta de 1572, tendo estado cativo em Argel e viajado pelo Oriente e pelas Américas. Esteve ao serviço de Filipe II e casou com D. Madalena de Vilhena, mulher de D. João de Portugal, que desaparecera na batalha de Alcácer Quibir. Em 1559, havia sido nomeado capitão-mor de Almada.
Nesse mesmo ano, destruiu o seu palácio pelo fogo, não permitindo assim que os governadores do reino, fugindo à peste de Lisboa, nele se refugiassem.
Em 1613, Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena de Vilhena decidiram professar — ele, no convento de São Domingos, em Benfica, e ela, no convento do Sacramento. Um biógrafo atribuiu esta decisão à notícia de que D. João de Portugal se encontrava, afinal, vivo, tornando ilegítima a união do casal.
Escreveu vários livros, destacando-se a Vida de Frei Bartolomeu dos Mártires e História de São Domingos.

Foi na vida "misteriosa" deste homem que Almeida Garrett se inspirou para escrever o Frei Luís de Sousa.


Não esquecer que:

O Frei Luís de Sousa foi escrito no século XIX por Almeida Garrett,


mas a acção decorre no século XVII.

janeiro 14, 2012

Fomos ao Teatro

Digitalizei e dividi os textos que constam do programa que  foi entregue à entrada e que, se lidos antes, nos teriam  proporcionado um melhor entendimento do espetáculo a que assistimos.



A estrutura a que obedeceu o texto cénico:



Aqui temos um resumo do romance de Herculano:



Finalmente, chamo a atenção para estas palavras finais, abaixo transcritas: Garrett, na mesma altura (1843 e 1844), criava, tal como Alexandre Herculano, o seu "fantasma histórico", o Frei Luís de Sousa.

 


Os rituais

Quando uma sociedade perde a necessidade e a memória dos rituais, entra em decadência, perde referências.
Ir, em grupo, assistir a um espetáculo é, simultaneamente, cumprir um ritual em que libertamos as nossas tensões diárias (catarse) e um ato de cultura de que se aprende a gostar!, indo ao encontro de memórias que ajudam a preservar a  nossa identidade ancestral e nacional. Neste caso, ver desfilar perante os nossos olhos, tão perto!!- a sala era pequena..- a "representação" do nosso passado, através de temas  sempre atuais: o Amor, a Liberdade, a Traição, a Morte.

Busto de Almeida Garrett, no átrio do Teatro D. Maria II
(Por "maleita", não pude assistir ao final da peça. Para compensar, permitiram que eu tirasse uma foto que testemunha a presença.)

As atrizes, retirado do programa

Quero deixar aqui expressa a minha profunda satisfação pelo número de alunos que pôde estar presente; e salientar a maturidade e sensibilidade que revelaram. Foi muito bonito e gratificante ver a sala cheia de jovens da "minha" escola: a António Arroio. Esta atitude faz com que sinta renovadas a vontade e confiança para repetir!!
A companhia dos professores Ana A., Alexandra e Dionísio (que não foram tomar conta!!) contribuiu para que esta experiência tenha sido tão agradável.

janeiro 10, 2012

Eurico, o presbítero: um romance do tempo em que uma bela donzela se podia chamar Hermengarda...

Alexandre Herculano, escritor romântico português, contemporâneo de Almeida Garrett, escreveu vários romances históricos cuja ação se localizava na Idade Média. É o caso de Eurico, o presbítero, que inspirou a peça que iremos ver representada: A paixão, segundo Eurico.
A ação decorre no século VIII, tempo  em que os Godos reinavam, tempo em que os Árabes invadiram a Península, tempo de batalhas, de afirmação e de tentativas de imposição de crenças religiosas, tempo de "Guerras Santas".
Eurico vê-lhe negada a possibilidade de casar com a mulher que amava, Hermengarda, filha do rei e irmã de Pelágio. Refugia-se no Presbitério, sublimando o seu amor na entrega a Deus e na bravura suicida com que combatia os infiéis.
Mais tarde, Hermengarda, sem saber que fala com Eurico, que se ocultava num manto negro, para que ninguém o reconhecesse, confidencia-lhe o seu amor por "esse" homem. Eurico rejubila e, num impulso, julga, finalmente, poder concretizar os seus sonhos de felicidade. Mas, rapidamente, se lembrou de que a sua vida estava entregue a uma causa maior, a Deus, e, por isso, lhe estava vedado o casamento.
Hermengarda delira, enlouquece, perante esta revelação! Eurico cavalga, loucamente, para a batalha, onde, provavelmente, encontrará a morte!

________

Alexandre Herculano foi influenciado pelo escritor escocês, Walter  Scott, que fomentou o gosto pelos romances históricos. São dele obras como Ivanhoe (com Robin Hood), O talismã (no tempo do rei Ricardo Coração de Leão) e A noiva de Lammermoor, também ela uma mulher que enlouquece. Nesta última se inspirou Donizetti para compôr a ópera (quase) homónima.

janeiro 07, 2012

A ideologia romântica

O Romantismo, uma nova visão do Homem e do Mundo:

  • Castelo de Loulé
    valorização do Eu, do indivíduo e da sua espontaneidade;
  • a Emoção deve sobrepor-se à Razão;
  • insatisfação, a ânsia de Absoluto, a nostalgia por algo de distante, vago e indefinido;
  • consciência dos problemas político-sociais e vontade de neles participar ativamente: a defesa dos princípios da Igualdade, Liberdade e Fraternidade;
  • o herói romântico é concebido como um rebelde, incompreendido, (auto)marginalizado, que se insurge contra tudo o que o oprime;
  • os sentimentos privilegiados são: a tristeza, a melancolia, o gosto pelo sofrimento, a busca da solidão, o desejo da morte como libertação;
  • atração pelo sobrenatural, pelo mistério;
  • crença em agoiros e superstições, gosto pelas tradições, lendas e mitos;
  • o gosto pela Noite, pelo sombrio, pelo macabro: o locus horrendus;
  • o nacionalismo e o patriotismo;
  • a religiosidade cristã;
  • a evasão (fuga) da realidade:-no espaço: gosto por países distantes, exóticos, misteriosos;-no tempo: valorização do passado, nomeadamente a Idade Média;-através do sonho e da imaginação;
  • simplificação da linguagem e do estilo.

janeiro 06, 2012

Romantismo

Para entendermos o Romantismo, é necessário conhecermos os factos político-sociais que influenciaram a mudança de visão e de atitude perante o Homem e o Mundo, ainda no século XVIII, na Europa, no século XIX, em Portugal.
  • a Revolução Industrial, em Inglaterra;
  • a Revolução Francesa, em França (1789);
  • a Revolução Liberal, em Portugal (1820): opõe Liberais e Absolutistas, representados, respetivamente, por D. Pedro e D. Miguel. Durante cerca de 30 anos, o país viveu em guerra civil.
Florença
Consequências:
  • ascensão da burguesia;
  • democratização da cultura e do livro;
  • defesa dos ideais da Liberdade, Igualdade e Fraternidade;
  • queda dos regimes absolutistas.

janeiro 04, 2012

Novo ano

Início de ano com o Romantismo.
Com um poema muito bonito de Almeida Garrett.
Com palavras que exprimem emoções e sensações nunca antes tão obviamente escritas.

Decoração indiana
Não te amo, quero-te: o amar vem d’alma.
E eu n’alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.
.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

.
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Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

.
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Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

.
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E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! Não te amo, não.

.
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E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.
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in Folhas Caídas