Da leitura de excertos da "Memória ao Conservatório Real", no
Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, destaco os seguintes tópicos:
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essa simplicidade é solenemente trágica e «moderna» (romântica);
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na história do Frei Luís de Sousa, há simplicidade trágica, mas há, também, o espírito do Cristianismo que suaviza o desespero das personagens: em vez de uma morte violenta, “morrem para o mundo”, entregam-se a Deus;
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da tragédia não usa o verso, preferiu a prosa, talvez para não “ofender” a memória de Frei Luís de Sousa, ele próprio um dos melhores prosadores da língua portuguesa;
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consequentemente, se, na forma, esta obra é um drama, na «índole», considera-a uma tragédia antiga;
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uma ação muito “simples”, sem paixões violentas: poucas personagens, todas elas genuinamente cristãs , sem um “vilão”, sem assassínios, sem “sangue”;
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sem estes “ingredientes”macabros, tão usados na época para captar o interesse das plateias, Garrett quis verificar se era possível despertar, nesse público ávido de emoções fortes, os dois sentimentos únicos de uma tragédia: o terror e a piedade;
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no entanto, considera a sua peça “apenas” um drama, porque, tal como a sociedade, a literatura ainda estava em “construção”: a literatura reflete, mas influencia, também, a sociedade;
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afirma, porém, que não se sentiu obrigado a respeitar a verdade histórica, mas sim a “verdade” poética;
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e justifica essa opção, caracterizando a sua época, o século XIX, como «um século democrático; tudo o que se fizer há-de ser pelo povo e com o povo…ou não se faz.»;
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a verdade encontra-se no passado histórico, porque é “o espelho” do presente: só assim o leitor apreciará, porque só assim entenderá – «é preciso entender para apreciar e gostar».
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