maio 22, 2012
maio 13, 2012
Para celebrar...
A Celebração da Arte e da Vida! Em apoteose...
(Para não esquecer!)
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maio 08, 2012
Os Maias, conclusão: capítulo XVIII
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O "americano", finais do século XIX |
- Carlos regressa a Lisboa, após uma ausência de dez anos e passeia com Ega pela capital;
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esse passeio revela que tudo permanece na mesma, principalmente as pessoas: ociosas, “moços tristes”, “mocidade pálida”(p 702);
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voltam ao Ramalhete, agora abandonado, e embora reste uma sensação de falhanço, não há qualquer sentimento de remorso em Carlos.
Comentário:
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tempo cronológico: elipse e prolepse (omissão de acontecimentos e consequente avanço no tempo, 10 anos);
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tempo psicológico: “Só vivi dois anos nesta casa, e é nela que me parece estar metida a minha vida inteira!” (p 714);
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espaço físico: Lisboa e os vários locais por onde vão passeando: o Loreto, o Chiado, Rua Nova do Almada, a Avenida, o Ramalhete;
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espaço social: as pessoas que “povoam” esses espaços: “vadios, de sobrecasaca, politicando..”(p 697); “Uma gente feiíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!...” (p 697);
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espaço psicológico: o Ramalhete abandonado: “ Em baixo, o jardim[…] tinha a melancolia de um retiro esquecido, que já ninguém ama[…]”.(p 710);
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as personagens reconhecem o falhanço: “- Falhámos a vida, menino!”(p 713). E, de acordo com o Realismo/Naturalismo, isso deve-se à ociosidade, ao tédio, à degradação moral, ao Romantismo, à religião, à educação. E ambos, Ega e Carlos, o “escritor” e o médico falhados, correm apenas para o que sempre tinham “corrido” na vida: para chegarem a tempo do jantar, isto é, a satisfação das suas necessidades primárias e básicas. Porque nunca tinham lutado “- Nem para o amor, nem para a glória, nem para o dinheiro, nem para o poder…”(p 716).
maio 02, 2012
Os Maias: capítulos XIII a XVII
Capítulo
XIII
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Carlos leva Maria Eduarda à «Toca», a casa dos Olivais;
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descrição da decoração do quarto;
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ruptura de Carlos com a Condessa de Gouvarinho.
Comentário:
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alguns pormenores da decoração do espaço são presságios: “[…]os amores de Vénus e Marte[…]” (p 433); “[…] o leito de dossel[…] como erguido para as voluptuosidades grandiosas de uma paixão trágica[…]” (p 434); “[…] uma cabeça degolada, lívida, gelada no seu sangue, dentro de um prato de cobre.” (p 434); “[…] uma enorme coruja empalhada[…]” (p 434);
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o espaço físico é, assim, transformado em espaço psicológico: “Mas Maria Eduarda não gostou destes amarelos excessivos.[…] achava impossível ter ali sonhos suaves.” (p 434).
Capítulo XIV
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Maria Eduarda vai ao Ramalhete;
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Castro Gomes, seu suposto marido, vai ter com Carlos, mostrando-lhe uma carta anónima, mas avisando-o de que não são casados;
- aparece mais um presságio: Maria Eduarda, quando vê o retrato do pai do Carlos, comenta que o acha parecido com sua mãe.
Capítulo
XV
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Maria Eduarda conta a Carlos a sua infância e juventude e, perante a revelação de um passado tão amargo, Carlos decide casar com ela;
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um jornal, a “Corneta do Diabo”, publica um artigo anónimo onde Carlos é ultrajado numa linguagem quase obscena;
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Ega suborna o diretor do jornal, Palma Cavalão, que lhe revela que o autor do artigo foi o Dâmaso;
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Ega obriga-o a escrever uma carta onde ele se confessa um alcoólico inveterado, vítima de um vício hereditário; deste modo, Ega aproveita também para se vingar do facto de Dâmaso lhe ter “roubado” a Raquel Cohen.
Comentário:
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analepse: recuo ao passado de Maria Eduarda;
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crítica ao “jornalismo” de pasquim e a quem se deixa subornar para publicar seja o que for;
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crítica à cobardia de Dâmaso;
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influência do Realismo/Naturalismo, quando se refere à hereditariedade (o suposto alcoolismo de Dâmaso).
Capítulo
XVI
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episódio do Sarau do Trindade, onde, mais uma vez, desfilam as várias personagens-tipo;
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o Sr. Guimarães chega de Paris e revela a Ega que Maria Eduarda e Carlos são irmãos, o que pode comprovar com os documentos que guarda num cofre.
Comentário:
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Crítica social: todos discutem desordenadamente e todos se querem mostrar, mas a ignorância e o provincianismo vêm ao de cima, quando uma das senhoras nem sequer sabe quem foi Beethoven e fala da “Sonata Pateta”(Patética).
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Este é um dos capítulos mais importantes da intriga, porque nele se encontra o momento da agnórise, o reconhecimento (influência da tragédia grega) e que já se fizera “anunciar” por vários presságios ao longo da narrativa.
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O tema é o incesto, a relação tabu e proibida entre dois irmãos, vítimas de circunstâncias que desconheciam, vítimas inocentes dos atos dos progenitores (neste caso, a mãe, Maria Monforte).
- Os dois níveis da acção aqui “cruzam-se”, porque o incesto é motivado por causas que são também alvo da crítica social nos romances Realistas/Naturalistas: o comportamento adúltero das mulheres, a influência negativa do Romantismo.
Capítulo XVII
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é revelada a Carlos a verdade;
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Carlos, por sua vez, conta também ao avô;
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vai a casa de Maria e dorme com ela, mesmo já sabendo que é sua irmã;
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Afonso morre;
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os irmãos, inevitavelmente, separam-se e partem para o estrangeiro.
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É o momento da katastrophé (catástrofe), quando as consequências terríveis se abatem: Afonso, que resistira a tantos desgostos de família, sucumbe.
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É ele, verdadeiramente, a vítima inocente.
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Morre a personagem que se mantivera, ao longo de toda a vida (e narrativa), coerente, genuína, verdadeiramente “civilizado”.
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